Zé Firmo, como gostava de ser chamado, nasceu na Serra do Catolé, em uma casa de taipa, onde passou os primeiros trinta dias de sua existência, para chegar até Betânia, onde renasceu pelas águas salutares do batismo, conforme ele mesmo disse em seu discurso de 18/7/1954. Morou em diversas cidades do interior de Pernambuco, como Sítio dos Nunes e Ouricuri, radicando-se, finalmente, na cidade de Triunfo, a partir de 22 de janeiro de 1953, onde passou os últimos anos de sua vida e de onde não mais pretendia sair. Disse ele em uma de suas cartas ao seu chefe Laércio Coutinho de Barros, quando soube que pretendiam transferi-lo para a cidade de Lajedo: “A minha posição social aqui já está firmada. Sou membro diretor de algumas das principais associações locais. Há muitas pessoas aqui que me depositam inteira confiança, não me faltando nas horas de aperto quem me faça favores. Radiquei-me aqui em Triunfo e só sairei daqui depois de fazer o último apelo possível.”.
Nas cidades de Ouricuri e Triunfo, Zé Firmo exercia o cargo de Agente Municipal de Estatística do IBGE, tendo sido nomeado, em 3 de junho de 1955, Chefe de Agência de Estatística no município de Triunfo. Além do cargo de Servidor Público Federal, Zé Firmo desenvolvia, em suas horas vagas, o seu talento de ESCRITOR, POETA, JORNALISTA, ORADOR, RÁBULA e FOTÓGRAFO. Foi nomeado correspondente do “JORNAL DO COMMERCIO” e “DIÁRIO DE PERNAMBUCO” e era membro efetivo da ASSOCIAÇÃO DA IMPRENSA PERNAMBUCANA. Escreveu inúmeros artigos para esses jornais de grande circulação do Estado de Pernambuco, como as histórias das povoações pernambucanas, poesias e diversos outros artigos. Também escreveu a história do cangaceiro Dé Araújo, seu tio e padrinho, que não chegou a ser publicado, em virtude de seu falecimento. Como servidor público, escreveu o histórico da cidade de Triunfo, publicado pelo IBGE no ano de 1957.
No campo da fotografia, foi premiado, em 1956, com o 3º lugar, no III Salão Nacional de Arte Fotográfica do Recife, patrocinado pelo Departamento de Documentação e Cultura da Prefeitura Municipal do Recife, concorrendo com fotógrafos das capitais e do interior de todos os Estados e Territórios da Nação. Também posaram para sua objetiva as professorandas do Colégio Stella Maris, onde era o fotógrafo oficial dos eventos daquela entidade.
Como poeta, compôs diversos sonetos, acrósticos e poemas, recebendo elogios de ilustres pernambucanos, como Mário Mello e Coronel Leite Machado, dentre outros.
Na política, fez inúmeros discursos para candidatos a Governador do Estado de Pernambuco, como o General Cordeiro de Farias, eleito no ano de 1954 e foi candidato a Deputado Estadual, pelo PRP. Embora não tenha sido eleito, foi o quinto mais votado no seu partido. Também apoiou a candidatura de Plínio Salgado para Presidência da República, no pleito de 1955.
Como rábula (advogado que, não possuindo formação acadêmica em Direito, obtinha a autorização do órgão competente do Poder Judiciário, ou da entidade de classe, para exercer, em primeira instância, a postulação em juízo), atuou com sucesso por diversas vezes nas cidades de Ouricuri e Triunfo. Em uma de suas defesas, na cidade de Ouricuri, patrocinou a causa de seu tio Leonel e de mais seis amigos, tendo sido todos absolvidos, sendo seu tio Leonel e outros cinco deles, por unanimidade. Contou ele a outro seu tio em uma de suas cartas: “Caro padrinho, não fica bonito para mim, contar-lhe esta história, mas, somente eu posso dizer-lhe da grande satisfação, que durante aqueles dias invadiu meu coração de advogado. O Promotor se perdia folheando os volumosos processos, sem saber como acusar. Para ouvirem a minha palavra, mães de família abandonaram seus lares e comerciantes fecharam seus estabelecimentos. O salão do júri tornou-se pequeno para a assistência de cada sessão.”.
Recentemente, em uma conversa com o Juiz de Direito Assis Timóteo, residente em Triunfo-PE, ele mencionou que José Firmo havia sido seu professor de História e Geografia no Ginásio Diocesano Pio XII de Triunfo. Como assim? Perguntei a ele. Ele só tinha o curso primário. Como podia ser professor no Ginásio? Ele me explicou que, na época, não se exigia títulos para ser professor. Bastava o conhecimento notório das matérias.
Por Magno José de Sá Araujo, seu filho, em 10/04/2012, por ocasião de sua escolha, por Melchiades Montenegro, como patrono da cadeira da Academia Triunfense de Letras e Artes - ATLA, por ele ocupada.
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