Olímpio de Menezes Melo nasceu na freguesia de Floresta do Pajeú, município de Pesqueira (PE), no dia 27 de novembro de 1886, filho de Luís de Melo e de Olímpia de Meneses Melo.
Fez o curso primário em sua cidade natal, o secundário na capital do estado, e ingressou em 1903 no Seminário de Olinda (PE), ordenando-se padre em 1909 depois de obter licença especial do Vaticano devido à sua pouca idade. Capelão da usina Goiana, que junto com a fábrica Camaragibe concentrava os mais importantes Círculos de Operários Católicos de Pernambuco, Olímpio de Melo passou a dirigir esses organismos no estado e instalou um serviço de assistência religiosa com finalidades sociais.
Em junho de 1919 viajou a passeio para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde, depois de prolongar sua permanência para tratamento de saúde, fixou residência em caráter definitivo. Nessa cidade, durante a década de 1920, foi capelão do hospital São Francisco de Paula, das igrejas Nossa Senhora Mãe dos Homens e Santíssimo Sacramento de Santa Rita e vigário da paróquia de Santa Cruz, sendo transferido em 1931 para a paróquia de Bangu, importante centro fabril onde o cardeal dom Sebastião Leme esperava que reeditasse o sucesso de sua atuação entre os operários pernambucanos.
Junto com os trabalhos paroquiais, Olímpio de Melo integrou-se à Liga Eleitoral Católica (LEC), associação civil de âmbito nacional criada em 1932 pelo cardeal do Rio de Janeiro para atuar na mobilização do eleitorado católico em apoio a candidatos comprometidos com a doutrina social da igreja. Em março de 1933, ao lado de Pedro Ernesto Batista (interventor no Distrito Federal desde 1931), foi um dos fundadores do Partido Autonomista (PA) do Distrito Federal, que lutava pela autonomia dos poderes Executivo e Legislativo da capital em relação ao governo federal e desenvolvia, principalmente através de Pedro Ernesto, uma política de assistência social voltada para as camadas populares.
Por ocasião das eleições de março de 1933 para a Assembléia Nacional Constituinte, o cardeal Leme, pretendendo manter a independência da LEC em relação aos partidos políticos, desaconselhou a candidatura de Olímpio de Melo, mas reviu sua posição nas eleições municipais de outubro de 1934. Liberado para concorrer, Olímpio de Melo tornou-se um dos 20 vereadores eleitos pelo PA para a Câmara Municipal composta de 24 cadeiras. Na sessão inaugural dessa legislatura, realizada em abril de 1935, o padre Olímpio foi eleito para a presidência da Câmara e Pedro Ernesto para a Prefeitura do Distrito Federal.
Nesse ano, a aproximação de Pedro Ernesto da Aliança Nacional Libertadora (ANL) provocou um aumento de suas divergências com a Igreja e uma quebra da unidade do PA, com a formação de um grupo de oposição ao prefeito, liderado por Luís Aranha e Olímpio de Melo, que nessa época possuía grande representatividade junto a setores operários católicos organizados na Zona Norte do Rio e adquirira forte posição dentro do partido. Os desacordos persistiram mesmo depois da proposta de adoção de um novo programa partidário feita por Pedro Ernesto com intenções conciliadoras.
O fechamento da ANL pelo governo federal em 11 de julho de 1935 e o levante aliancista desencadeado em fins de novembro desse ano em Natal, Recife e Rio de Janeiro trouxeram importantes alterações na política nacional. Através de seus senadores, o PA hipotecou solidariedade ao presidente Getúlio Vargas pela rápida debelação do movimento, enquanto o prefeito do Distrito Federal passou a assumir cada vez mais abertamente sua oposição ao governo federal, numa conjuntura marcada pelo acirramento da represão às correntes oposicionistas. O partido dividiu-se então entre essas duas posições, tendo Olímpio de Melo liderado a oposição a Pedro Ernesto. Com a prisão deste em 3 de abril de 1936, acusado de participação no levante, o padre Olímpio, na qualidade de presidente da Câmara Municipal, assumiu a prefeitura. Nesse cargo, teve dificuldades no relacionamento com a bancada majoritária da Câmara e o conjunto do partido, sendo acusado de realizar uma administração impopular. Membros eminentes do PA como Luís Aranha, Augusto Amaral Peixoto e Cesário de Melo lideraram um movimento que tinha por fim diluir sua importância política.
Pedro Ernesto foi condenado a três anos e quatro meses de reclusão pelo Tribunal de Segurança Nacional, mas, absolvido pelo Superior - então Supremo - Tribunal Militar, foi submetido a novo julgamento. Sua provável absolvição o traria de volta à Prefeitura do Distrito Federal. Buscando eliminar definitivamente sua influência política e unir o PA em torno de um líder que apoiasse o candidato oficial à sucessão de Vargas, o governo federal decretou intervenção no Distrito Federal em 15 de março de 1937, suspendendo por um ano o funcionamento da Câmara mas ratificando Olímpio de Melo na chefia do Executivo municipal. De acordo com instruções baixadas pelo ministro da Justiça, Agamenon Magalhães, o novo interventor teria que se limitar à parte administrativa de seu cargo, enquanto a política local seria coordenada por esse ministério.
Durante sua administração, o padre Olímpio de Melo realizou várias obras públicas e criou o Tribunal de Contas da Prefeitura do Distrito Federal e o primeiro Código de Obras, conhecido como Decreto nº 6.000, que regulou as construções da cidade até 1970 e serviu de modelo para grande número de municípios brasileiros. Inaugurou os hospitais Miguel Couto e Carlos Chagas, obras iniciadas pelo seu antecessor. Criou o Conselho Consultivo de Turismo e construiu a estrada do Redentor e o Circuito da Gávea, para corridas de automóveis. Contrariando a orientação seguida pela administração anterior, promulgou também a lei do ensino religioso nas escolas públicas.
Em junho de 1937, abertos os debates sobre a sucessão presidencial, Olímpio de Melo e Luís Aranha colocaram suas divergências em segundo plano por temerem o fortalecimento da corrente pró-Pedro Ernesto, que tinha o apoio do interventor gaúcho José Antônio Flores da Cunha. No encontro de ambos com Vargas, ficou decidido que o padre Olímpio deixaria a interventoria em benefício de um nome que promovesse a união das forças políticas que reconheciam a liderança do presidente. Assim, menos de quatro meses depois de sua posse, Olímpio de Melo redigiu sua carta de demissão dirigida a Getúlio Vargas, de quem era amigo pessoal, afirmando: “Não desejo atuar diretamente na administração da cidade quando correligionários de V. Excia contrariam normas por mim adotadas, sentindo-se prejudicados pelas mesmas. De minha permanência no cargo poderia resultar a ruptura de laços de solidariedade, para a qual não quero fornecer o motivo. Prefiro renunciar à interventoria a concorrer, de qualquer forma, para a intranqüilidade do ambiente em que se vai processar a sucessão presidencial.”
Em 2 de julho Olímpio de Melo foi substituído na interventoria por Henrique Dodsworth, sendo nomeado pouco depois ministro do Tribunal de Contas da Prefeitura do Distrito Federal. Eleito por seus pares presidente desse tribunal, permaneceria no cargo até 1951, voltando a ocupá-lo entre agosto de 1955 e novembro de 1956. Em 10 de novembro de 1937, um golpe de Estado liderado pelo próprio presidente Vargas implantou o Estado Novo, suspendendo as eleições previstas para o ano seguinte e determinando o fechamento dos órgãos legislativos e de todos os partidos. As atividades político-partidárias só seriam retomadas em fevereiro de 1945, quando o Ato Adicional nº 9 liberou a reorganização das agremiações. Nessa ocasião, Olímpio de Melo integrou-se nas articulações do Partido Social Democrático (PSD), tornando-se, em abril de 1945, um dos seus fundadores. Depois da deposição de Vargas, em outubro desse ano, teve destacada participação na campanha vitoriosa do general Eurico Gaspar Dutra para a presidência da República.
Durante suas atividades políticas, angariou fama de homem mau e de andar armado. Entretanto, explicava a origem desses rumores pelo fato de estar sempre de posse de uma imitação perfeita de arma de fogo, que na verdade era uma tabaqueira onde guardava rapé.
Em 1951 participou em Roma das solenidades de canonização do papa Pio X. Aposentado das funções de presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal em novembro de 1956, Olímpio de Melo afastou-se da política e dedicou todo o resto de sua vida ao trabalho paroquial nas igrejas Bom Jesus do Calvário e Via Sacra, no bairro carioca da Tijuca. Faleceu aos 90 anos, no dia 11 de outubro de 1977, no Rio de Janeiro. Tinha os títulos de cônego e monsenhor.
Por Robert Pechman
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